O ESPETÁCULO

       Um menino num rio chamado tempo, é um espetáculo infanto juvenil, o qual traz o homem inserido dentro do espaço “tempo”.

       A morte, a vida, os sonhos, os desejos, a estrada que o homem percorre desde seu nascimento até o final da vida.

    A poética consiste em trazer o tempo como um rio, fluído e efêmero. O rio simbolicamente a estrada, o percurso da vida, e o mar o fim dessa estrada, a morte.

     O texto aborda a morte não como o ponto final da vida, mas como uma transição do homem que vence a morte e caminha junto ao tempo através de um novo começo, representado no espetáculo através do Mar. Um rio que chega “ao fim” não se acaba, vira mar, renasce.


            Outro fator importante sobre essa renovação na contextualização de “Um menino num rio chamado tempo”, é o olhar da filosofia hindu, a qual acredita que o homem pode vir em novas vidas através de forma vegetal ou animal. 
    
         Essa renovação é colocada no texto em forma de um pássaro, o qual se torna uma espécie de anjo da guarda do menino, principal personagem. O pássaro pode ser entendido como uma figura com grande laço afetivo do menino, uma avô, uma mãe etc.

O texto foi concebido a partir de experimentações do e do Grupo Longânime e do Núcleo de Pesquisa de Teatro para Infância- NUPETI, projeto de extensão composto por discentes da Universidade Federal de Pernambuco que investiga o teatro para infância feito no Brasil e no mundo.

            Os “Jogos Teatrais- O fichário de  Viola Spolin”, serviram como base na construção do espetáculo.
Com o uso e adaptação dos jogos, chegamos num processo no qual  intitulamos de “Poética dos Afetos”.
A Poética dos afetos consiste em trazer a partir dos jogos, memórias da infância ,essas memórias são estimuladas por gravuras, fotografias, sons, músicas, brincadeiras da infância, anotações, textos  antigos, cartas, poesias, objetos antigos ou os novos objetos que tenham algum tipo de ligação com a infância dos “jogadores”.
            Grande parte do material era copilado e as impressões anotadas no “diário de bordo” e guardados numa caixa que chamamos de “caixa preta afetiva”.

Posteriormente esse material era novamente retirado da caixa preta virava o que passamos a denominar “fragmentos poéticos”.

 A partir dos fragmentos poéticos eram criadas cenas improvisadas com outros jogos, às quais eram refeitas quantas vezes necessárias, e das cenas a plateia  fazia sua reflexão a cerca da temática (fragmento afetivo) trazendo para si o fragmento poético dos jogadores em cena; a partir dessa reflexão eram elaborados “experimentos afetivos” partindo do corpo e da voz, resultando em poesias, paisagens sonoras, músicas, desenhos e pequenos textos.

            Nessa altura, e depois de meses tínhamos uma montanha de “fragmentos afetivos”, que culminou em vários braços de pesquisa dentro do laboratório.

       Dois temas bem recorrentes nas experimentações chamaram atenção: O tempo e a saudade (dos entes que morreram ou que estavam longe ) sendo assim tomamos como ponto de partida para construção desse trabalho o tempo e a morte “Um menino num rio chamado tempo” é utilizada a relação afetiva de dois integrantes do laboratório com a avó e a mãe, as quais partiriam ainda quando eles ( integrantes ) eram crianças ou adolescentes.

Falar de morte não é sinônimo de tristeza, mas de saudade, e a gente só sente saudade daquilo que a gente ama.

(Miro Ribeiro )









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